sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carna(va)l











Eu não sei fazer isso.
Não sei mesmo fazer.
Colocar essa máscara e dizer
Que já não dói
Cada lembrança fica forte
Cada foto é uma bala
E toda música embala
O meu carnaval sem marchinha
Só uma lamentação bem baixinha
Da saudade que aperta tudo
Onde está o bloco da tristeza?
Basta olhar essa chuva
E lembrar do tempo
Que ficar em casa era bom
Sem texto e sem batom
Ser cada um no seu lugar
Sem saber se sou uma lembrança
E que tamanho esse samba - enredo tem
Eu vou tirando a fantasia e os confetes
Sem pular carnaval com ninguém
A quem diga que isso passa
Mas carnaval todo ano tem



Marchinhas!


Carnavalizar


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Apenas estava cansada daquilo todo dia. Acordar e procurar motivos para aquela existência vazia. E fazendo aquela oração mental, vai se arrumando para não chamar atenção e pondo muito pó para esconder as evidências de mais uma noite mal dormida. Simplesmente cansou. Mas o que fazer agora então? Já não tinha a quem pedir ajuda e já era tarde para procurar abrigo. Não havia sequer uma caridosa alma que lhe estendesse a mão. Caminhou pelo cômodo e olhando os poucos móveis da casa e quis desabar sobre si. De dentro quis sair um grito estridente que entraria em todas as casas daquela cidade. Banha-se. Ainda com sono apesar de tudo. Confusa, confusa. Ajeita os cabelos diferente de como ajeitou ontem. Sacode os braços e tenta falar algo. Sussurra para alguém que só ela ver. Cantarola. Sai, fecha a porta e nem olha para trás. Que fiquem por lá os pesadelos e desejos não realizados.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

"De volta pra casa..."

Parecia mais um casulo. Um lugar onde estamos sempre seguros. De vez enquanto nos aventuramos a sair dele e expor nossa pele ao Sol, mas a nossa capa sempre estará lá, para podermos voltar quando somos expulsos da casa dos outros. Podemos voltar quando este mesmo Sol queima toda nossa esperança. Então, como borboletas, lutamos para romper o casulo na hora certa. Gritamos pela nossa sobrevivência, mas no meu caso, depois de sair e voar por muitos ares e lugares, volto para casa sem uma das asas ou apenas triste.  Mas já que eu construí um porto seguro, sei que posso voltar e curar as feridas dessa quase vida cheia de aventuras e maldades. Isso é o que me tranquiliza hoje. Sempre teremos nossa casa de volta.