Por um tempo, eu achei que era errado ser diferente. Eu realmente achava que as pessoas tinham razão em me marginalizar por eu não pensar igual à maioria. Por um tempo, eu escondi o que eu sou para que eu pudesse ter alguns amigos e quem sabe, alguns verdadeiros amigos. Fiquei uns dias assim. Sem emoção. Sem noção. Eu acreditei que os outros podiam saber o que era melhor para mim e parei de chorar quando eu queria. Parei de conversar com as estrelas. Parei de ir ao teatro sozinha. Parei de fazer o que eu gostava. Eu quis saber o que significa de fato viver. E fui. Eu enfrentei as piores coisas que podem acontecer na vida de uma pessoa. E chorei escondida. Eu senti flexas atravessarem o meu corpo, mas eu cobri elas porque eu não queria incomodar ninguém. E senti os piores gostos e dores. Acho até que eu morri. Acho não, eu tenho certeza. Aos poucos eu fui velada pela minha própria culpa. Cada dia se tornou uma grande obrigação. Eu posso carregar o peso do mundo sozinha? Não. O mundo está cheio de guerra, de morte, de mentira. Eu estou no meio disso. Vivendo para o medo. Eu escondi meu medo também. Eu eu tenho medo de escuro, de elevador e de morte. Eu tenho medo dos meus pesadelos. Eu tenho medo de perder meus amigos, minha família. Eu tenho medo de nunca mais ver as pessoas que eu conheço agora. Eu tenho medo do tempo. Hoje eu vejo que não há problema em chorar vendo um filme, um vídeo. Estamos aqui para sermos nós e nossos sentimentos. Estamos aqui para vive-los não para esconde-los. Não tem problema de abrir a janela e falar com as estrelas, elas são as melhores ouvintes sempre. Não tem problema em falar com ninguém sobre alguma coisa triste, acho que não precisamos disso porque queremos uma solução, mas sim porque queremos apenas desabafar. Eu passei um tempo sendo condenada porque eu gosto de rir para todo mundo, porque eu não gosto de ser bruta, porque eu quero ajudar a todo mundo... qual é o problema disso? Tem quem veja, tem que se aproveite. É por isso que esse mundo me assusta. Porque ele condena até aqueles que não querem o mal de ninguém. Ele rouba até a última alegria da sua alma para te jogar em um lugar escuro e cheio de tormentos. A vida é mesmo muito esquista e esse mundo é mesmo assustador. Se eu pudesse, eu arrumava as minhas malas e iria para um lugar tão tão distante onde eu pudesse viver com um pouco de paz. Mas sendo isso impossível, me conformo com a ideia de ir aprendendo por meio de duras lições o que a tal de vida tem para me ensinar, enquanto isso, vou aqui, sofrendo, não mais calada.
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