sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Apaixonado Anônimo Parte 4

Te amar não é fácil, é quase o anti-amor. É muito quase como se você nem existisse, porque só o homem perfeito mereceria tanto sentimento. E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana.
E fazendo isso, eu só consigo te amar mais ainda. Porque você enterrou meu sonho aprisionado pela perfeição e me libertou para vivê-lo.

Apaixonado Anônimo Parte 3

De Longe Te Hei-de Amar

De longe te hei-de amar
- da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.

Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.

Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?

E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.

Apaixonado Anônimo Parte 2

Amor


Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

Apaixonado Anônimo Parte 1

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.


Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.


Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.


Meu amor tem duas vidas para amar-te.
 Por isso te amo quando não te amo 
E  por isso te amo quando te amo.

domingo, 20 de novembro de 2011

O ninguém

Ele é uma linha vertical na geografia da cidade. Cabelos sujos e pele empoeirada. Parece que nasceu lá. O marginal. O drogado. O pobre. O outro. O ninguém.
E quando ele anda não se define aquele corpo. Amontoado de ossos que mais parece um robô. Sai estralando rua a fora e dormindo ao lento. Pés descalços no asfalto escaldante. Corpo débil mas forte o suficiente para levar o peso do desprezo a de uma vida que não existe para ninguém. Não se sabe se conhece a mãe nem o pai, nem  se sonha. De longe se vê aquela fagulha mas é ignorado na mesma velocidade. Ninguém o quer fora de lá. É um patrimônio invisível. E todo dia é uma mão estendida e uma fome a roê-lo por dentro. E com placas mal escritas implora. E é como se não estivesse lá  e não existisse  para as estatísticas. Fosse forasteiro de sua cidade. São tantos vícios para fugir e conhecer. Histórias irreais para a esquizofrenia cotidiana mescladas com os fatos que o levou para lá. Se a morte lhe visita ninguém repara nem para. Assim ele fica. Esperando uma providência divina ou não. Pode ser só uma moedinha, moço, ou pode ser uma oração.

sábado, 19 de novembro de 2011

A expectativa do novo é estrangulada pela saudade imensa que povoa esta alma. Mesmo acreditando que aqui jaz uma história, sua faca permanece encrava no íntimo deles. Eu diria até só dela. E tudo que foi dito como ajuda, não foi de coração, foi de pena. E não há quem diga que cinzas são assim tão pesadas a não ser que sejam da nossa própria existência. Vários "eu" s dentro de mim e de nós. Cada qual com seu valor mas todos sob a mesma vivência. Talvez abrir o caso a interpretações seja inútil, visto que cada um interpretará como quiser. Prefiro revelar o que é comum e ao mesmo tempo meu sofrimento mais particular. Não tem origem nem fim, nem pai, mãe ou fator, ele existe por si, cuida de si a cresce cada vez mais. E vendo todo os outros vivendo em sua invejável paz, me pergunto onde me esqueci nessa história. De repente eu não tinha passado, nem passei no meu passado. Foi tudo transformado numa desordem qualquer. E essa saudade que devora a alma é coisa de mulher.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

E de repente a vontade que me deu foi de sair e desbravar o mundo. Abraçar as pessoas e cantar o resto da noite. Transformar todo esse peso em plumas e joga-las para o alto. Me deu vontade de escrever errado e ligar para todo mundo numa hora dessas. Vontade de me debruçar sobre um ombro e sentir calor humano. Me deu vontade de conhecer o mundo e esquecer quem pretendo ser por algumas eras. Me deu vontade de lutar pelo coletivo e voltar a acreditar nas pessoas. Vontade de escrever algo alegre e  ver alguns sorrisos iluminando a noite. Me deu vontade de esquecer a próclise e ficar com a ênfase. Me deu vontade de voar. Me deu vontade, vontade de ter vontade.

domingo, 13 de novembro de 2011

RainHa


Da-me mais desse sorriso, ó doce menina
Brinque cada dia mais
Siga seu caminho tranquila
Que eu garanto  amizade  e paz
Cada dia que sentir a solidão
Abra seus braços
E sinta o abraço 
Com toda imensidão
Da-me mais dessa alegria, ó linda moça
Faça cada dia ter seu valor
Solte os cabelos e os pensamentos
E valorize o amor
Tenha sempre meu telefone
Não exite em chamar meu nome
Nos momentos de pavor
Dance para os problemas
Tenha fé na caminhada
Se o cansaço te bater
Espere um pouco na calçada
Mas nunca pare para sempre
Pois a cabeça sempre sente 
E não se conforma com o nada
Da-me mais dessa certeza, ó linda mulher
Use o poder que sei que tens
Diminua a distância entre os amigos
E lute pelo o que te convém
Chore quando precisar
Não esconda seu penar
Viva inclusive a tristeza
Mas saiba que ela passa
Nessa vida há muita graça
Esperando por você
Nos dê sempre essa alegria
Iluminado cada dia
Como uma estrela deve ser


Dizer que vou deixar pra lá é repetir a mesma promessa que faço há  muito tempo. Mesmo achando que sofrer faz parte dos caminhos a serem seguidos nessa vida continuo a pensar que poderíamos sofrer menos a aproveitar mais. Só é uma pena que aquele Sol que doura tudo lá fora apenas me faça acordar e que aquelas pessoas que conversam sobre nada me nojam e não me instigam nem um pouco. Tentar encontrar uma distração tem sido minha distração. Eu sei que eu só cumpro  minha promessa no primeiro dia. Basta que chegue a primeira noite e o cansaço se cristaliza em mim. Daí toda a esperança de vida nova se vai e mais uma vez caio nos devaneios do cotidiano. Abrir a janela e perceber a beleza das coisas é bem mais difícil que aconselhar que se faça isso. De onde as pessoas tiram tanta paciência? Como suportam a sua existência mesquinha no meio dessa cidade? Onde elas escondem a curiosidade intrínseca  do ser humano? Até parece que sou apenas eu que me importo com o quê virá. E se cada dia é igual, eu vou me deixando jogar pelo tempo e esquecendo das coisas. Só não esqueço do que foi triste. E eu que perdoo a todos não me perdoo nem por um instante, nem por um segundo.  

sábado, 12 de novembro de 2011


Abre essa porta
Deixe a luz entrar
E não me espere
Sozinho pro jantar
Não chore mais
E esses olhos não são seus
Me deixe em paz
Esqueça o que prometeu
Pegue suas fotos
E seus beijos também
Não apague a luz
Nem me chame de meu bem
Leve seus livros
Esqueça de quem te ensinou
Mas não vá embora não
Deixe que eu vou
As suas cartas
Não transformei em pó
E sua calça
Em você fica melhor
E as  poesias
Que fizeste para mim
Estão esquecidas
Nas máscaras do seu camarim

Pegue suas fotos
E seus beijos também
Não apague a luz
Nem me chame de meu bem
Leve seus livros
Esqueça de quem te ensinou
Mas não vá embora não
Deixe que eu vou


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Destro e São: O dia

Destro e São: O dia: Até que chega o dia que a decadência moral fala mais alto e você com nada mais se importa. Se antes sofria ao ver a vida mísera do outr...

O dia

Até que chega o dia que a decadência moral fala mais alto e você com nada mais se importa. Se antes sofria ao ver a vida mísera do outro, hoje isso faz parte da geografia da cidade. Chega o dia em que ninguém te dá um conselho que sirva e começa a pensar que caminhar para o nada parece mais confortável que buscar os sonhos impossíveis. O dia que você percebe que as pessoas que dizem para você não desistir dos seus sonhos já desistiram dos sonhos delas faz tempo e aquela cara fraternal é a coisa mais mal ensaiada do mundo. Será o fim? Percebe que  faz as coisas que jurou nunca fazer e ainda faz pior que imaginava. Você se lembra do quão cretina era certa pessoal  até que você faz a mesma coisa e tudo se encaixa. O agonizante tempo da falta de fé e esperança, vestida com uma realidade monocromática. O dia que se percebe o quanto se está velho e infeliz. O dia que se percebe que o seu falso castelo foi construído com um sacrifício que nunca será recompensado. O dia em que se encontra na mais profunda racionalidade e diz aos quatro ventos que quer sumir do mundo. O dia em que reparamos nossa solidão e aflição perante o abandono divino. Chega o dia que você não valoriza mais nada, nem sequer se valoriza. O dia que você espera uma palavra e recebe o silêncio dos dias comuns. O dia que você pensa no amor e sente dores fatais cortarem a alma. O dia que o futuro não existe e o passado é uma fotografia que vai se danificando com o tempo. O dia que tudo parece ser mais turvo. O dia que que nada se espera e que nunca passa. Chega o dia que nada mais te impressiona além da percepção da mocidade escorrer feito água pelos dedos. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Saudações àqueles que caminham em minha trilha solitária,ostentando as marcas do escolhido,eles são a cruz!Eles são os viajantes da planície de terras iguais em todas as direções.Eles me conduzem e por eles me guio! Ernesto.
parto 
quarto 
torto 
pinto
pornografia


filha
fita
forte
sorte
alegria


casa
sala
vala
teto
agonia


sonho
amor 
dor
pudor 
fantasia


lápis
carta
marca
maca
envia


nasce
cresce 
morre
reproduz
alivia


07022010

Chorei hoje um choro escondido, perdido na imensidão. Dono de si e de mim. Um choro de saudade, tristeza, um choro chorado com força, mas curto. Aquele choro que tira o peso e nos emagrece. Choro de falta, de arrependimento, de tédio. Queria isolar-me do mais, desse mundo estragado que tenta estragar-me. Um choro ao mesmo tempo pacato, mal chorado. Um choro que sabe porque chora, que sabe porque existe. Um choro tal qual o que eu mereço. Um choro de verdade. Sei da minha incompletude. Sei da melancolia que assola os terrenos do meu coração. Ainda dói tudo que vive. Ainda quero aqui e por que não agora? Choro indignado(...)
Isso é que a vida é: um eterno lamento interrompido pelas boas lembranças que nos fazem chorar de saudade.
(...)
Eu queria que entendesse que a minha dor é diferente, que a minha tristeza é mais  em cima. Que a minha cura não é mesma que a sua. Que não é porque você conseguiu um novo amor que eu vou conseguir também e achar isso uma maravilha. Na verdade, eu penso que maioria das coisas que as pessoas valorizam é uma droga. A minha dor tem vida própria a vai além da minha existência. As tuas palavras não resolvem nada, só fazem você pensar que superou e eu sou a coitada da vez. Engano seu. Você está tão desgraçado como eu.
Mas é mais fácil vestir a capa que deixar-se ter o direito de sofrer. Esconder o fracasso e chamar as idiotices de presentes divinos é muito constrangedor para mim. Prefiro meu semblante triste. Sinceramente triste que um sorriso falso. Queria que entendesse que a minha vida tem outro fluxo. Que eu tenho outras experiências e as conclusões são diferentes. Eu quero mesmo é que me aceite na minha resignação com as coisas. Quero que me deixe em paz.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Não existe lugar seguro
Além desse muro 
Dos braços meus
O som da alegria
Da noite vazia
Já não se perdeu
Eu vi tanta beleza
Com toda leveza
Me pus a pensar
E tive esperança
Que a vida é mudança
E não pode parar

Meus amigos doem em mim cada dia que passa. A lembrança fica em nós e a saudade mais forte. Que saudade das noites boêmias, das lutas, das festas. Amigos alguns que nunca mais verei. É tempo de recuperá-los, de surpreendê-los e fazê-los sorrir. Não sei se sou boa lembrança, coisa adorável, só sei que fui sem querer estar no passado. Mas meus amigos são doces...são os rios que deságuam no mar da minha vida. A lembrança feliz do tempo que éramos bons.

5/1/2010

Preciso escrever
Preciso sim
Nem que seja sobre a saudade
Nem que seja sobre mim
Sobre as coisas e sobre o nada
Sobre as flores, as cores  e a madrugada
Sobre o gosto do café
Sobre o sono de manhã
Sobre as pedras que olhei
Sobre o gosto da maçã
Sobre o dia que passou
Sobre a vida que passou
Afã.


Preciso escrever 
Preciso e já
Sob a sombra da mangueira na minha serra
Sob o pé de juá
Sob o Sol que queima a face
Sob a luz que nos redime
Sob o céu estrelado e frio
Sob a lei que nos oprime
Sob a censura
Sob a tua candura
Sob as telhas dessa casa
Sob todos os passarinhos
Sob apenas uma asa
Sob paixão
Sob pressão
Lua em brasa.


Todo vetor precisa de uma alma. Fláudio.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

ContiNua


Tenho ficado confusa afinal...tantas coisas no caminho que as vezes parece uma grande viagem que temos que fazer mesmo sem a nossa vontade, queria descobrir de onde vem tanta energia que move o mundo e o sentimento das pessoas embora descreditada eu sei que deve haver alguma resposta para nossa dor, por mais que ela nos pareça vã...dentro de nós há uma constante guerra entre o que somos e o que querem que sejamos...
A questão é...como usar o conhecimento que temos da nossa dor, para beneficio próprio? Parece impossível controlar algo que nos assola e intimida nossa vida.(...)
tudo o que somos é tudo que vemos
tudo que vemos é pura ilusão
tudo que pensávamos é nada
tudo que amamos é vão

A insanidade está acima da coragem. Danilo.

bAr

                                                                 

        Engraçado. No bar sempre esquecem de me atender.
Mas nunca me deixam esquecer de pagar. 
Sábado eu tava morrendo de fome lá na festa. Eu pedi uma Coca. Não tinha. Pedi uma Fanta Uva, me entregaram uma Fanta Laranja (odeio). Eu disse "EU FALEI FANTA UVA". Me trouxeram um Sprit. Tive que beber aquela droga com  gosto de nada. Atendimento é uma coisa que não existe. Só aborrecimento. Eu bebi, né? Tava com sede.

Destro e São


Não vou me pintar para me aceitarem
Meu gosto é esse mesmo para que gosta
E cada dia meu é uma cruz
Não adianta pedir mudança
Pois todo dia eu acordo querendo dormir mais
"Essa menina só pode ser doida"
Ora!
Por acaso eu não faço tudo como vocês?
Eu compro o meu pão que o diabo amassou
E levanto cedo para trabalhar
Todo dia
Eu peco e peço perdão
Faço caridade para me olharem
Cuspo na cara de quem não me agrada
Mesmo achando tudo errado
Eu continuo a fazer
Por acaso eu não sou digna?
Sou sã
Sou destra
Sou perfeitamente normal
Como vocês
Que rastejam pela misericórdia alheia
E procuram a salvação nas pedras
Cada dia que eu passo em cima dessa Terra
É um dia que ofereço ao nada
Assim como vocês eu sigo em frente
E olho para o passado de instante em instante
Pensando que aquilo vai me fazer uma pessoa melhor
E meu dinheiro de nada serve
Porque compra lixo para sentir o luxo
E tudo que faço está perdido
Já que a tendência é o caos
E meus ossos são iguais aos de vocês
Só minha essência não

#fato


                                   
                                     ‎-  Natália, qual é o estato civil de uma garota nerd?
-  Sei não. Qual é?
-  Sou um Tera . hahahahahha.
- Cela, e o que é um Tera?
- ¬¬

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Essência


Sempre me perguntei sobre a essência de quase tudo que não conhecia, temendo que no futuro o doce sabor que exalava, torna-se um odor. Não digo que isso seja diferente agora, no entanto, esta preocupação se tornou desnecessária para mim.

A cada dia que acordo e tenho a certeza de que você esta do meu lado, é um sonho que imagino sonhar para sempre, pergunto-me, às vezes, se não estou em coma de algum acidente que tive, porque está sendo tão maravilhoso viver esse tempo contigo.
Romeu, hoje eu te amo mais que ontem, e o dia que o sucedeu,e, tenha a certeza de que é com você que quero viver meus dias. Te amo, muito, muito e muito.

por: Michel Barroso

by: Cartas ao Romeu

Muro


Tornar-se um muro, intransponível, não foi uma tarefa tão difícil, precisei apenas escolher as mais duras e indestrutíveis pedras para a base, selecionado-as, e colocando-as umas sobre as outras. Assim, construí um muro perfeito de imperfeições.

Em segredo comecei a obra, dia-a-dia, uma pessoa após outra, e, para minha surpresa, percebi que algumas pedras estavam manchadas. Beijos, frases acreditadas e algumas palavras que nelas tatuei. Lembranças deixadas por pessoas inesquecíveis. Pessoas que, algumas, me lembro com muito empenho, outras tantas que resolvi esquecer.

Após o muro formado, as pedras machadas foram esquecidas enterradas na base juntas com lembranças dispensáveis. Escureceram tornado impossível serem revistas.
Nessa altura, algumas coisas foram diminuindo de importância, beijos e palavras, já não permaneciam nas pedras, mesmo se alguém se esforçar em deixá-los.

Levei muito tempo em uma tarefa que teve muito da minha atenção. Meu coração ainda era sensível, pulsava como uma sinfonia, a qual se podia até dançar com seu ritmo. Primeiro, treinei meus ouvidos, coando as palavras, vezes ditas, vezes sussurradas e, as transformei em líquido necessário para a construção. Depois, reeduquei meus olhos e redirecionei experiências vividas em energia para o esforço no trabalho.

Consegui, por fim, diminuir a sensibilidade do coração, diminui ate não sentir o pulsar.

Chegando a uma altura pretendida, tornando impossível ver a base, e as pedras que podiam ser alcançadas, se tornavam cada vez mais frias, até chegarem ao seu estado de dormência, criaram musgo, e o tempo as envelhecera. Escorregadias, tornaram-se impossíveis de serem tocadas.
Era o seu auge, o olhar agora era fixo para frente, e, o mundo é tão pequeno quanto imaginava. Já era tudo que pretendia ser - UM MURO PERFEITO.
E adormecera no seu estado.



Michel Oliveira 
(meu menino que dança)

Palav...




Eu gosto de guardar para mim
Mas as palavras me tormentam
Saem mesmo assim
Eu corro delas pelo horror
Pois tudo que sofro e tendo escapar
Desses momentos de torpor
Por mais que a madrugada chame
Lá vem as palavras feito enxame
Barulhar na minha mente
Mesmo sem uma rima descente
E de coração tão descrente
Ponho-me aqui a vagar
Sem inspiração ou caligrafia
Frente a assa máquina fria
Que me faz querer fugir
E cada palavra que sai
É um tijolo do muro que cai
E minha alma fica nua
Como morasse na rua
Ninguém olha para mim
Mas me ataca com um nojo sem fim
Querendo cuspir minha cara
E eu indefesa me sinto
Deixo provarem que eu minto
Mesmo sem nem me tocar
Eu sei que cada dia que passar
Essas palavras sempre virão
E se elas não saírem eu fico
Angustiada no meu rito
De prender o que me protege
Cada um tem sua sina
Talvez  falando para o mundo
Sinta meu corpo menos imundo 
E alma mais feminina
Palavras deixam meu ser lunático
Todo dia e toda hora
Já que botei (quase) tudo para fora
Posso voltar para o automático

Noite Um





Talvez eu não sinta dificuldade de escrever no escuro. Há tempos venho andando, escrevendo, vivendo no escuro. Acostumei-me. Ficar até altas horas da noite acordada se tornou um mal aproveitado hábito. Mas, hoje, paro minhas atividades automáticas para dizer que esta noite não sequer uma estrela no céu que consiga iluminar o meu rosto.
Parece mais que perdi um membro. Amputaram-me. E sangrando fica andando pela casa, a procura de um motivo que faça acordar e querer colecionar todos os dias tediosos que ão de vir. Procuro um refúgio para meus pensamentos vãos. Nada encontro além de uma janela aberta, esperando que eu procure nesse céu tão escuro, uma estrela que me seja guia. Mal sabe a noite que o dia não chegará mais. E que posso passar o resto da vida a vagar, procurando uma estrela que se foi e levou consigo toda a beleza da noite. Levou o meu sorriso e o meu assunto. Eu até saberia fugir se não fosse tão tarde. Mas já que não dá para se  esconder para sempre, me resta vagar sobrevida a  fora. Tentando ajudar os outros com o que resta de bom em mim.
Penso que viver não passe de um caminhar calmo numa estrada estreita. Infelizes os que não querem acreditar. Pensam que voar nos braços de um anjo seja menos doloroso que andar descalço por essas curvas. Acontece que os apaixonados são como Ícaro. Chegam perto demais do Sol, até que as asas frágeis se desfazem. Pobre Ícaro. Pobre de nós. Depois que caí de volta a estrada, não parei para pensar se continuo. Na verdade, vejo inútil. Tantos sonhos para nada. Mas as vezes volto para meu corpo. E quando minhas chagas doem quando o vento bate e digo: prossiga, se vejo um sorriso amigo: leva-me.

De ninguém para os 7 bilhoes

De ninguém para os 7 bilhoes.